Em residência em Rochefort durante o mês de março, Laye Ndiaye expôs o seu trabalho na Corderie Royale e chamou a nossa atenção em particular. Laye Ndiaye é um artista senegalês empenhado na luta contra a poluição plástica. Durante a sua estadia em Charente-Maritime, recolheu lixo ao longo da costa e transformou-o em obras de arte.
Realizando as suas obras inteiramente a partir de materiais reciclados, o artista procura sensibilizar o público para o problema dos resíduos plásticos, um problema que ele constatou no Senegal e que agora constata em França.
No meio de uma sala contígua à Corderie Royale, flutua uma medusa feita de redes de pesca, com a cabeça cheia de resíduos de plástico. A alforreca simboliza a ingestão de resíduos pela fauna marinha, um fenómeno que pode provocar asfixia, sensação de saciedade ou a dilaceração dos tecidos do estômago das aves marinhas, também conhecida por “plasticose”.
Mais adiante, redes fantasma cheias de garrafas de plástico prendem acidentalmente os peixes. Junto a elas, um muro está repleto de conchas de ostras, resíduos da conquilicultura, uma das actividades marinhas mais difundidas em Charente-Maritime. Através do seu trabalho, Laye Ndiaye interroga-nos sobre a nossa relação com os seres vivos e a marca que deixamos na biodiversidade. Foi um encontro rico em debates e reflexões, pelo qual agradecemos calorosamente ao artista, cuja obra saudamos.